Conheci Carol Brasil através da minha prima e hoje resolvi compartilhar aqui uma declaração de amor e um pouco do que aprendi com essa mulher que admiro demais.
Carol é, para mim, a representação do que chamamos de propósito e eu vou te explicar o porquê.
Venderam para nós a ideia de que propósito é algo que possa ser produzido. Que, ao fazer um curso ou ler um livro, vamos encontrar o sentido da nossa própria existência. Mas este propósito, que já está todo desgastado, é apenas mais uma necessidade criada para vender e que desemboca em uma grande dose de frustração (sem surpresas, certo?).
Depois de muito pensar sobre o tema e investigar dentro da minha própria biografia, o que percebo é que sim, cada um tem aptidões específicas e que 1) muitas vezes não foram validadas ou incentivadas e 2) e em outras tantas, estão ocultas de nós mesmos, pois o olhar costuma sempre estar para a falta, e nunca para o que fazemos bem e com facilidade.
Faltou dizer, mas Carol é educadora física e fundadora do Balance, uma metodologia própria de treino que engloba musculação, funcional, yoga, música e toda a sua bagagem de vida. Comecei com uma aula teste e, logo de cara, fiquei intrigada: precisava compreender melhor essa pessoa cativante e de energia lá no alto.
Já havia pescado alguns depoimentos entre uma aula e outra e também nos papos Balance (bate-papo com as alunas compartilhando seus saberes, pois, afinal, a ginastica é só a ponta do iceberg), mas a entrevista no podcast da Dani Morais (também sua aluna) foi a cola que faltava para estes fragmentos se formarem em um todo.
O trabalho da Carol está longe de ser um trabalho, é a demonstração pura de amor, dedicação, talento, criatividade e inspiração. Isso tudo junto e misturado que é, para mim, o que poderíamos chamar de propósito. Essa combinação de uma vida toda que desemboca no seu servir, pois não consigo ver o que ela oferece como menos do que isso.
A aula de 50 minutos, sempre inédita e milimetricamente pensada, com a melhor trilha sonora, também sempre inédita e milimetricamente pensada, é um convite ao fluxo. Para os desatentos, poderia se trata simplesmente de dom natual, mas, para além de sua aptidão, há também muito estudo, prática e outro tipo de suor.
O Balance não é fruto de um processo de coach, não nasceu de um planejamento estratégico, tampouco foi uma oportunidade de mercado. As aulas online e coletivas nasceram do comprometimento, amor e dedicação que a Carol tem por seu trabalho e por suas alunas e foi a solução criativa que ela encontrou para um momento de crise que todos vivemos, a pandemia, e, em seu caso, as portas fechadas da academia.
E aí, vai ter gente que vai chamar de sorte. Já eu acredito que deu certo apenas porque Carol era grande demais para estar dentro de uma academia, cuidando de algumas poucas pessoas. Essa mulher que carrega o nome do país em seu sobrenome não poderia ficar restrita a uma cidade. E hoje Carol é chique e treina mulheres mundo afora.
Talvez pareça exagero para você. Talvez até para a querida Carol, uma pessoa que não performa humildade. Mas acreditem, não é. A própria Existência sabe disso, e vai continuar abrindo os caminhos para que o Balance continue realizando seu propósito de tirar as pessoas do sedentarismo, transformando vidas nas suas esferas mais profundas.
Contratei o serviço achando que poderia fazer duas aulas por semana, além de ter acesso às corridas e bikes guiadas (o que, confesso, ainda me falta desfrutar). Mas o Balance é muito mais do que isso.
Nestes 6 meses, em que havia me proposto a fazer aula 1x na semana e, atualmente, sigo firme e forte nas 2x (com pensamentos de ampliar a rotina no próximo ano), aprendi um tanto sobre mim, sobre movimentar o corpo e sobre a vida.
Foi a primeira vez que consegui observar e colher os benefícios da endorfina. Não me lembro dessa sensação na infância e, na fase adulta, além de optar por exercícios mais leves, nunca consegui ter uma base de comparação tão clara entre os dias que pratico e os que não.
Pude perceber como a musculação, em específico, estava toda rodeada de traumas do passado. Vozes em minha cabeça que fui aprendendo a dissolver a cada aula realizada.
Até a própria corrida, aquecimento de todas as aulas, era algo que eu odiava. Fui observando, conforme o tempo foi passando, em como acabei encontrando prazer em poder começar o dia dessa forma.
Consegui observar como cultivava pensamentos pouco generosos com relação ao meu esforço. Carol sempre nos sugere o desafio, pois hoje sei que muitas vezes travamos não por um impedimento do corpo, mas sim por causa da mente, mas ela nunca deixa de te lembrar de ir no seu ritmo, no seu tempo… e a mulher competitiva que habita em mim queria dar o máximo e morria no dia seguinte, perdendo a oportunidade de ouro: o todo dia. Constância é o segredo e, para isso, você precisa saber perceber como seu corpo está hoje, que não é igual ao de ontem.
Sentia uma dor no ombro e a Carol me sugeriu movimentá-lo. Confesso que no começo estava insegura, conversamos sobre a possibilidade de reforçar com algumas sessões de fisioterapia e cheguei até a consultar um ortopedista mas, pasme, movimentar foi de fato o remédio. Hoje a dor só retorna quando, por algum motivo de força maior, não consigo fazer as aulas semanalmente.
Já chorei na aula, já me emocionei e aprendi muito em papo Balance, já compartilhei minha história, já conheci balancetes pessoalmente, já treinei na praia quando o destino me colocou no lugar certo e na hora certa, já me emocionei com as conquistas das colegas, já mudei o meu humor com o bom dia no final da aula, já senti meu corpo se fortalecer, já consegui fazer minha mente se acalmar, já ganhei gosto pela ginástica.
Carol é uma mulher com consciência política que faz uso da sua voz como ferramenta de transformação. Uma mulher que tece pontes e sustenta uma comunidade tão bonita. Carol é a DJ que gostaria de ter em uma festa – e que me inspira seguindo seus sonhos e provando que é sempre a hora certa de nos jogarmos na vida.
Que bom que eu fui! E que bom que continuo indo!
PS 1. não sei se você sabe, mas uma das minhas características é querer que todos experimente (e, se possível, adotem!) tudo aquilo que me faz bem. Estamos em pleno dezembro, época dos votos de um novo ano e metas (flexíveis, não se esqueça!), e quem sabe você não poderia se dar uma chance de vivenciar essa experiência? (:
PS 2. como você pode notar, este texto foi escrito à base de endorfina, e revisado com a sensação boa de todos os músculos do corpo presentes.
Extra! Não vou chorar sozinha
Ao final das aulas, Carol costuma trazer uma mensagem de um oráculo ou um trecho da leitura de um livro. Desde agosto, o livro foi A Alegria do Movimento, de Kelly McGonigal, e aqui tem um relato bonito demais e que gostaria de passar à diante <3
Um dos momentos mais celebrados da história das Olimpíadas foi nos jogos de 1992, em Barcelona, quando o corredor e recordista mundial britânico Derek Redmond terminou as semifinais de 400 metros em último lugar. Uma lesão o impediu de competir nos jogos de Seul em 1988, e Barcelona foi amplamente considerada sua oportunidade de conseguir uma medalha. Se você assistir a um vídeo do evento, aqui está ao que vai assistir: Redmond começa forte, mas em 15 segundos de corrida, ele agarra sua perna direita e diminui para um salto. Dois segundos depois, ele desaba na pista. Seu primeiro pensamento, explicou depois, é que teria sido baleado na parte traseira de sua coxa. Na realidade, a dor violenta era o músculo do tendão se separando do osso.
No momento que Redmond é capaz de se levantar, todos os outros competidores cruzaram a linha de chegada. A corrida termina. Mesmo assim, Redmond recusa-se a desistir. Ele começa a pular de forma desajeitada em uma perna, fazendo careta enquanto se afasta das câmeras de TV e dos médicos que o examinaram no local em que desabou. Enquanto isso, um homem de meia-idade usando um boné de beisebol levanta de seu assento no estádio e corre pela pista. Os oficiais tentam pará-lo, mas ele os empurra. O homem alcança Redmond e coloca a mão em seu ombro. Redmond tenta se livrar pensando tratar-se de outro oficial da corrida tentando impedi-lo. Então ele escuta: "Derek, sou eu." Redmond vira para olhar e vê que é seu pai.
O pai de Redmond segura sua mão e coloca um braço em volta de sua cintura. Ele caminha ao lado do filho, até que Redmond começa a chorar e diminui o ritmo para caminhar. Enquanto dão passos hesitantes, ele coloca o rosto no peito de seu pai. "Você pode parar agora", seu pai diz a ele. "Você não tem que provar nada." Redmond insiste: "Leve-me de volta à faixa cinco, quero terminar." Os dois continuam a caminhar. Um oficial olímpico de camiseta branca tenta impedi-los, mas o pai de Redmond o afasta e grita: "Eu sou o pai dele, deixe-o." O cinegrafista os cerca. Quando Redmond esconde seu rosto com vergonha, seu pai agarrou seu pulso e baixou suas mãos. A multidão começa a aplaudir. E Redmond e seu pai terminam os últimos 100 metros juntos.
Após o evento, um competidor canadense enviou a Redmond um bilhete definindo o final de sua corrida como "o mais puro exemplo de coragem e determinação que já vi". O desejo de Redmond em continuar e sua habilidade de perseverar através da dor são de fato extraordinários. Ainda acho que não foi sua persistência o que mais tenha comovido as pessoas. Foi seu pai, que não pertencia à pista, que não era atleta, mas cujo corpo entrou em ação para ajudar seu filho. É também a visão de alguém tão forte, um herói nacional, aceitar aquele apoio. Esse momento olímpico nos toca, as pessoas choram ao assistir ao vídeo não só porque Redmond persiste, mas porque demonstra o quanto dependemos uns dos outros para seguir em frente.
É deste tipo de sensibilidade que estou falando. É sobre essa linha tênue entre movimentar o corpo e movimentar a alma que me fez terminar a aula em lágrimas.
De fora para dentro
Este texto profundo e sensível sobre Medo da
Este texto tão verdadeiro sobre publicar um livro e o que vem depois, da
Esse filme que me fez chorar e fala sobre uma outra forma possível de encontrar seu lugar no mundo
Até a próxima lua!
E obrigada por chegar até aqui 💫
Bruna, que relato bonito e sensível.
Pesquisei logo no Ecosia sobre o Redmond e assisti o vídeo. Não consegui conter as lágrimas...obrigada por compartilhar :) um beijo!
Bruna, é tão especial quando uma pessoa extraordinária cruza o nosso caminho e acrescenta algo a nossa vida. Que bom que você conheceu a Carol! Penso que o destino coloca essas pessoas no nosso caminho. E você teve a sensibilidade de enxergar o quanto ela poderia te fazer bem.