Acabei de reler Uma Oitava Acima. O livro que escrevi há dois anos para que pudesse retornar. E me achar. Quantas vezes fossem preciso.
A vida nos traz de volta para onde deveríamos estar. Quanta coisa foi ganhando forma neste período.
Quando peguei o livro, ainda no final de 2023, minha ideia era finalmente conseguir lê-lo com distanciamento, como se fosse eu uma leitora qualquer. Achei, inocentemente, que fosse possível tomar distância e viver a experiência de um desconhecido. E, para a surpresa de ninguém, concluí que simplesmente não é.
Ainda assim, pude perceber que muito do que aconteceu lá no finzinho de 2016 e nos dois anos que se seguiram foi encontrando espaço no meu corpo, foi se assentando. E se tornou memória.
Já os acontecimentos de 2019 e 2020, estes ainda mexem comigo. A dor no pescoço, que costuma surgir em momentos de tensão, e se apresentou bem nos trechos mais críticos da história, não me deixaria negar. E ainda veio junto com uma combinação de ar preso nos pulmões e a tentativa de deixar sair com uma respiração profunda.
Foi bom reler para me lembrar do porquê disso tudo: fiz por mim. Precisava tirar de dentro do peito tantas coisas que ocupavam muito espaço. Há certas palavras que pesam demais se vivem apenas dentro de nós. Precisava expressar e sentir leveza ao repousar cada emoção no papel (foi na tela do computador, confesso. Mas vamos ficar com a imagem do papel que é muito mais bonita).
Escrevi por mim e para mim. Para que eu mesma pudesse voltar a todos estes pontos como acabei de fazer. Para que esteja disponível daqui 5 ou 10 anos. Quem sabe, ainda esteja ao alcance dos olhos quando a memória começar a se esquivar.
Me emocionei. E fiquei pensando que os demais leitores também se emocionem, pois tudo o que escrevi, escrevi com o coração. O tempo pode continuar fazendo efeito nas minhas narrativas e posso (espero) mudar de novo e de novo. Nada disso, porém, irá diminuir a verdade sentida naqueles momentos em que me propus a sentar e transcrever essa história. Ir dando forma, capítulo a capítulo.
Não tentei agradar ninguém, nem a mim mesma. Não fingi performance, até porque, naquela altura, eu nem tinha muito ideia do que isso significaria.
Lá no último capítulo, falei sobre trabalhar oferecendo vivências de autoconhecimento através da arte. Me precipitei, confesso. Parecia fazer sentido. Mas entendi que ainda preciso conseguir dar conta de mim e das minhas experiências.
E sabe o que é curioso? Ao terminar a leitura percebi que a escrita do livro era o próprio caminho. Escrever até hoje tem sido a forma com a qual eu mais me identifico e melhor consigo expressar o meu sentir.
Se passaram 7 anos desde o início de tudo1 e hoje sinto que abro um novo ciclo. Com sonhos renovados para continuar seguindo. Espero terminar 2024 com um novo livro. Ainda está bem embrionário, mas tem também me emocionado e feito sentido.
Para mim, por mim. Mas com sorte, para você também, e por todos nós.
Para terminar, um pedido de uma escritora independente: se você já leu meu livro, poderia deixar uma resenha na Amazon? Mesmo quem leu o livro físico, mas é um comprador do e-commerce, consegue deixar uma resenha por lá. Me ajuda, e também ajuda quem está interessado na leitura
De fora para dentro
[Especial escrevedores]
A
me inspira demais e essa edição veio na medida para abrir 2024A
fez uma edição super bacana sobre seu percurso de cursos e inspiraçõesEsse texto da
que até me impressiona de como me lembra de mim.A Gabi Ruggiero Nor está com encontros de escrita terapêutica maravilhosos neste primeiro semestre. Começa com fogo, dia 31/01, 19h, online e com gravação :)
Ah, e vale dizer que são terapêuticos, mas com estímulos sempre muito criativos. Já escrevi cada texto que nem sem dizer nada além de obrigada, Gabi <3
Obrigada por chegar até aqui 🌻
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Se você chegou agora, te conto que em 2016 eu tirei um cisto no ovário, peguei uma infecção hospitalar, uma bactéria comeu um disco, operei a coluna lombar duas vezes e tomei antibiótico na veia por 6 meses. E tudo isso foi apenas o começo de uma transformação que terminou em livro.
Interessante ver como os processos são eternos, a cada releitura, a cada reencontro com as palavras, há o novo a ser visto.
As palavras estão sempre dançando conosco ❣️
Amiga, viver é essa jornada né?! O tempo e indivisível, mas os ciclos não. E, engraçado, genialmente, não sabemos quando se inicia um novo ciclo. Mas, ao contrário, sabemos exatamente quando se encerra. Um prazer te ler!
Beijo!